OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:

Os textos a seguir são dirigidos principalmente ao público em geral e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes de cada assunto abordado. Eles não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores às informações aqui encontradas.

Mens sana in corpore sano ("uma mente sã num corpo são") é uma famosa citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal.


No contexto, a frase é parte da resposta do autor à questão sobre o que as pessoas deveriam desejar na vida (tradução livre):

Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
orandum est ut sit mens sana in corpore sano.
fortem posce animum mortis terrore carentem,
qui spatium uitae extremum inter munera ponat
naturae, qui ferre queat quoscumque labores,
nesciat irasci, cupiat nihil et potiores
Herculis aerumnas credat saeuosque labores
et uenere et cenis et pluma Sardanapalli.
monstro quod ipse tibi possis dare; semita certe
tranquillae per uirtutem patet unica uitae.
(10.356-64)

A conotação satírica da frase, no sentido de que seria bom ter também uma mente sã num corpo são, é uma interpretação mais recente daquilo que Juvenal pretendeu exprimir. A intenção original do autor foi lembrar àqueles dentre os cidadãos romanos que faziam orações tolas que tudo que se deveria pedir numa oração era saúde física e espiritual. Com o tempo, a frase passou a ter uma gama de sentidos. Pode ser entendida como uma afirmação de que somente um corpo são pode produzir ou sustentar uma mente sã. Seu uso mais generalizado expressa o conceito de um equilíbrio saudável no modo de vida de uma pessoa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mens_sana_in_corpore_sano


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Estudo corrrelacional entre medidas de circunferência e percentual de gordura corporal em crianças de 7 a 10 anos de idade

Estudo corrrelacional entre medidas de
circunferência e percentual de gordura corporal
em crianças de 7 a 10 anos de idade
 
*Professores e Pesquisadores do Mestrado em Ciências
da Reabilitação do Centro Universitário de Caratinga, MG.
**Professores e Pesquisadores do Mestrado em Fisioterapia da UNITRI, MG.
***Mestranda em Cências da Reabilitação
pelo Centro Universitário de Caratinga, MG.
****Mestrandas em Meio Ambiente e Sustentabilidade
pelo Centro Universitário de Caratinga, MG.
(Brasil)
 

DsC. Marcus Vinícius de Mello Pinto* | Esp. Daniella Oliveira Cotta****
Esp. Dalmacia Eller Ramos**** | DsC. Mario Antônio Baraúna**
Esp. Cristiane Martins da Silva*** | Dsc. Hélio Ricardo dos Santos*
DsC. Angelo Piva Biagini** | DSc. André Luis dos Santos Silva*
DsC. Luis Guilherme Barbosa*
orofacial@funec.br
 
 
 
 

Resumo
     A utilização de técnicas antropométricas no fracionamento da composição corporal é um meio viável para identificação do status nutricional de crianças. O meio escolar é um local onde se reúne grande número de crianças, tornando possível traçar o percentual de gordura corporal dessa população. O método mais difundido e recomendado para a predição do percentual de gordura corporal é o que utiliza as medidas de espessura das dobras cutâneas. Porém, a aquisição de um compasso de dobras cutâneas pode se tornar inviável para as escolas, tendo nas medidas de circunferência, uma alternativa para se estimar a composição das crianças. A amostra deste estudo foi composta por 61 crianças do gênero feminino, com faixa etária entre 07 e 10 anos. As medidas do tecido adiposo foram tomadas através de um compasso de dobras cutâneas da marca Sanny, nos pontos subescapular e triciptal - determinados pelo protocolo de Slaughter et alli (1988). As medidas de circunferência foram aferidas através de uma fita metálica da marca Sanny, nos perímetros do pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa proximal, panturrilha, braço normal, antebraço e punho. O tratamento estatístico foi realizado utilizando-se a correlação de Pearson, destinando-se a avaliar o grau de correspondência entre o percentual de gordura obtido pelo protocolo de Slaughter et alli (1988) e as medidas das circunferências do pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa proximal, panturrilha, braço normal, antebraço e punho.Os resultados apontam as medidas de circunferências como adequadas à mensuração do percentual de gordura em crianças do sexo feminino, com idade entre 07 e 10 anos.
    Unitermos: Antropometria. Circunferências. Composição corporal. Percentual de gordura corporal. Crianças.

Abstract
     The use of anthropometrics techniques in the fractionment of the corporal composition is a viable way for identification it nutritional status of children. The half pertaining to school is a place where if it congregates great number of children, becoming possible to trace the percentage of corporal fat of this population. The spread out and recommended method more for the prediction of the percentage of corporal fat is what it uses the measures of thickness of the cutaneous folds. However, the acquisition of a compass of cutaneous folds can become impracticable for the schools, having in the measures of circumference, an alternative esteem the composition of the children. The sample of this study was .composed for 61 children of the feminine sort, with age between 07 and 10 years. The measures of the fabric greasy had been taken through a compass of cutaneous folds of the Sanny mark, in the points to subespike and triciptal - definitive for the protocol of Slaughter et alli (1988). The measures of circumference had been surveyed through a metallic ribbon of the Sanny mark, in the perimeters of the neck, thorax, waist, abdomen, hip, proximal thigh, panturrilha, normal arm, ant arm and fist. The statistical treatment was carried through using it correlation of Pearson, destining itself to evaluate it the correspondence degree enters the percentage of fat gotten for the protocol of Slaughter et alli (1988) and the measures of the circumferences of the neck, thorax, waist, abdomen, hip, proximal thigh, panturrilha, normal arm, ant arm and resulted fist. The points the measures of circumferences as adjusted to the measures of the percentage of fat in children of the feminine sex, with age between 07 and 10 years.
    Keywords: Anthropometry. Circumferences. Body composition. Percentile composition of corporal fat. Children.
 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 112 - Septiembre de 2007

1 / 1
Introdução
    A antropometria, uma técnica de medida externa das dimensões corporais, contextualizada na cineantropometria, visa mensurar peso, altura, diâmetros, espessura de tecido adiposo e perímetros do corpo humano. Essas mensurações tornam-se métodos potenciais quando utilizadas para o estudo da composição corporal, que avalia a quantificação obtida pelas medidas antropométricas. Para o fracionamento da composição corporal, existem muitas técnicas laboratoriais como (tomografia computadorizada, pesagem hidrostática, ressonância magnética, impedância bioelétrica, etc), porém, ainda que apresentem alta precisão em seus resultados, apresentam, também, uma utilização bastante limitada em razão da dificuldade de incluir os avaliados nas testagens, principalmente pelo seu alto custo (Guedes & Guedes, 1998). Desta forma, torna-se viável a utilização de medidas antropométricas que, por serem menos sofisticadas, são menos onerosas e apresentam uma correlação bastante significativa com os métodos laboratoriais (Farinatti & Monteiro, 1992).
    Quando a quantidade de gordura localizada na região abdominal predomina sobre a quantidade de gordura localizada nas extremidades do corpo, indicam riscos de desencadear distúrbios cardio-vasculares. Guedes & Guedes (1997) afirmam que:
"ao se admitir que muitas doenças crônicas do sistema cardiovascular podem ter sua origem em idade bastante precoce, a verificação das variações regionais quanto à distribuição da gordura subcutânea e crianças e adolescentes parece ser um importante procedimento no estudo da composição corporal".
    Segundo De Rose et alli (1984) apud Costa (1989), fatores como crescimento e desenvolvimento, status nutricional e nível de atividade física se mantêm em constante alteração, ocorrendo uma dinamicidade dos componentes estruturais do corpo humano. Portanto, a composição corporal humana sofre alterações ao longo de toda a vida.
    Avaliar a composição corporal de crianças nos permite delinear os fatores acima apontados por De Rose et alli (1984) apud Costa (1989) e identificar tanto estados de desnutrição infantil, como o excesso de gordura corporal ou obesidade que estão relacionados ao desenvolvimento de doenças como diabetes, hipertensão arterial, níveis elevados de triglicérides e colesterol (Souza & Pires-Neto, 1998), porém, Guedes & Guedes (1998) denunciam a carência de técnicas disponíveis para a avaliação da composição corporal em crianças e adolescentes, o que muitas vezes, pode limitar uma interveniência maior da educação física escolar, no que diz respeito a proporcionar modificações nas características corporais dos escolares, favorecendo a saúde; bem como no incentivo à adoção de práticas esportivas ou atividades físicas.
    Em se tratando de técnicas que mensurem o percentual de gordura corporal de crianças a partir das medidas de circunferência, nada foi encontrado nas diversas literaturas que abordam essa temática.
    Conforme afirmam Torres & Silva (2003), um método ainda pouco conhecido no Brasil para a predição da quantidade de gordura corporal é o que utiliza as medidas de circunferência, embora seja um recurso bastante viável, principalmente no meio escolar, tendo em vista a praticidade do manuseio da fita métrica e de seu baixo custo financeiro.

Revisão de literatura
Antropometria
    Há muito o homem já vem medindo seu corpo e mostrando proporções entre as partes e o todo, evidenciando que a antropometria, mesmo se sistematizando na era moderna, desde a antiguidade já era utilizada (Carnaval, 1997).
    Esta ciência, visando performance desportiva ou ergonomia, procura estabelecer proporções corporais ideais.
    A padronização de pontos antropométricos torna-se necessária para realização das medidas e, conseqüentemente, sua avaliação. As medidas devem ser realizadas com instrumentos específicos e devidamente padronizados. O tipo de medida a ser realizada dependerá dos propósitos do estudo que se pretende fazer.
    Atualmente, as técnicas laboratoriais, por serem altamente confiáveis e práticas, têm sido utilizadas como recurso para se estimar a composição corporal, porém, as técnicas antropométricas, menos onerosas, são também mais acessíveis à população, facilitando o acompanhamento do crescimento somático dos indivíduos que não têm acesso às técnicas mais sofisticadas.
    Tão importante quanto a mensuração dos pontos antropométricos, são as interpretações dessas medidas, que permitem analisar os valores encontrados a partir de parâmetros já identificados através de estudos em populações similares. Os erros das medidas que estabelecem parâmetros devem ser conhecidos e devem estar dentro dos limites aceitáveis.
    Considerando o âmbito escolar, que é o meio onde se encontra, em abundância, população similar à amostra deste estudo, as medidas antropométricas permitirão avaliar o crescimento somático de crianças e adolescentes, tornando possível "o processo de delineação, obtenção e aplicação de informações..." (Kiss, 1987). Dessa forma, além de se permitir a detecção de desvios ou anormalidades no desenvolvimento dos alunos, torna-se possível identificar suas características individuais, no que tange às capacidades e valências físicas, assim como conhecer o grupo avaliado e traçar propostas de evolução ou manutenção das grandezas encontradas. Essa avaliação é de interesse do professor de Educação Física, da instituição, da família e do próprio aluno, que poderá conhecer seu corpo, suas limitações e suas capacidades.

Medidas de circunferência corporal
    As medidas de circunferência corporal são definidas por Fernandes Filho (2003) como "perímetro máximo de um segmento corporal quando medido em ângulo reto em relação ao seu maior eixo". Essas medidas podem ser utilizadas em equações para a predição do percentual de gordura corporal e para índice de relação entre cintura e quadril, que possibilita caracterizar a predominância de gordura corporal (centro ou periferia). Para mensuração dessas medidas, algumas precauções devem ser tomadas com o fim de garantir a integridade dos valores obtidos, tais como marcar os pontos de aferição dos perímetros, medindo sempre num ponto fixo, sobre a pele nua, utilizando uma fita, de preferência, metálica, tendo o cuidado para o dedo não ficar entre a fita e a pele e não pressioná-la em demasia, ou afrouxá-la. Recomenda-se realizar três medidas, calculando a média entre elas. O avaliado não deve ter praticado qualquer atividade física antes da realização das medidas.
    McArdle et alli (1991) relatam que equações específicas para grupos diferenciados foram elaboradas a partir da mensuração das circunferências, porém, essas equações não devem ser usadas para indivíduos que pareçam ser muito magros ou obesos e para atletas que se mantiveram por muitos anos em atividade.
    Esses mesmos autores citam que as medidas de circunferência são apropriadas para estabelecer, além do percentual de gordura, padrões de distribuição da gordura corporal em obesos. Esses padrões apontam riscos à saúde quando há uma alta relação entre os dois perímetros (indicando obesidade do tipo andróide, que se manifesta sobretudo no gênero masculino, podendo ocorrer também no gênero feminino).
    Torres & Silva (2003) num estudo comparativo de métodos para a predição do percentual de gordura corporal, concluíram que as medidas de circunferências são tão eficientes como as medidas de espessura das dobras cutâneas na medição do percentual de gordura em adultos (idade entre 15 e 65 anos). Contudo, Guedes & Guedes (1998) descrevem as medidas de circunferência como um método alternativo para análise da composição corporal, devido à praticidade de sua utilização, porém, os autores apontam sua fragilidade na predição de gordura corporal por envolver, além do tecido adiposo, outros tecidos e órgãos.
    Quando se trata de avaliar o percentual de gordura em crianças, percebe-se uma carência de técnicas disponíveis (Guedes & Guedes, 1998). Equações como a de Dotson & Davis (1991), de Penroe, Nelson & Fisher (1985) e de Katch & McArdle (1984), não são válidas para caracterização em crianças, parecendo não haver um protocolo validado para mensuração do percentual de gordura em crianças a partir das medidas de circunferência, o que restringe a possibilidade de uma avaliação mais detalhada da composição corporal e dos níveis de crescimento e de desenvolvimento de escolares, em especial dos alunos das redes públicas de ensino, pois estas nem sempre dispõem de recursos financeiros para aquisição de instrumentos mais sofisticados que, por conseqüência, são mais caros.
    De acordo com Fernandes Filho (2003), existe uma compatibilidade confiável na mensuração do percentual de gordura corporal de adultos utilizando-se as medidas de circunferência e as medidas de dobras cutâneas, podendo sugerir compatibilidade confiável também na mensuração em crianças.

Medidas de dobras cutâneas
    As medias de espessura das dobras cutâneas são as mais utilizadas na predição do percentual de gordura corporal. Os procedimentos de coleta das medidas são simples, inócuos, práticos e permitem avaliar grande número de sujeitos. Todas essas vantagens e seu alto grau de correlação com métodos laboratoriais (estes mais recomendados, porém, inviáveis, pelo seu alto custo) tornam essa técnica a de maior aplicabilidade em crianças e adolescentes (Guedes & Guedes, 1997). Considerando que a grande proporção de gordura corporal está localizada no tecido subcutâneo, as medidas de dobras cutâneas podem servir como indicadores de gordura localizada na região medida e, tendo em vista que a gordura não se distribui uniformemente pelo corpo, Fernandes Filho (2003) afirma a necessidade de se realizar as medidas em várias partes do corpo.
    De acordo com Guedes & Guedes (1997 e 1998), existem duas formas de interpretação das medidas de espessura das dobras cutâneas em crianças e adolescentes, uma é através da equação de regressão (para predizer valores de densidade corporal), essa técnica permite reduzir a ocorrência de erros na estimativa do percentual de gordura corporal, uma vez que pelo menos duas a três dobras serão aferidas para posterior somatório; a outra é a consideração dos valores das medidas em regiões distintas no corpo, separadamente, a fim de se obter informações sobre a distribuição relativa da gordura subcutânea em cada região do corpo, indicando que quanto maior a medida, maior será a quantidade de gordura na região mensurada.
    Para mensuração das dobras cutâneas são necessários alguns cuidados, tais como realizá-las no hemicorpo direito; pinçar apenas o tecido adiposo; o avaliado não deverá ter praticado atividade física antes da realização das medidas; o compasso deve ser posicionado perpendicularmente à dobra, após o pinçamento com os dedos polegar e indicador e a leitura da espessura deverá ser feita em 02 ou 03 segundos - para não haver acomodação do tecido subcutâneo; cada dobra deverá ser mensurada três vezes, adotando como resultado a média entre as medidas (Guedes, 1994 e Fernandes Filho, 2003). Além desses critérios, o tipo de compasso utilizado e a identificação do ponto anatômico devem ser considerados para se obter resultados precisos.
    Uma preocupação deve ser tomada quanto à mensuração do percentual de gordura corporal em crianças e adolescentes com alto índice de adiposidade, podendo gerar resultados bastante discrepantes. Outra preocupação refere-se à utilização, em crianças e adolescentes, de protocolos estabelecidos para utilização em adultos, pois é incoerente e inviável, podendo superestimar os valores reais de densidade corporal, subestimando a quantidade real de gordura corporal.
    Guedes & Guedes (1997) também denunciam a pouca quantidade de equações preditivas de gordura corporal em crianças e adolescentes, na intenção de se estabelecer parâmetros de composição corporal.
    Conforme afirma Guedes (1994), no que se refere à mensuração do percentual de gordura corporal de crianças a partir das medidas de espessura das dobras cutâneas, o protocolo de Slaughter et alli (1988) pode ser o mais recomendado, pois os autores se preocuparam em minimizar possíveis discrepâncias entre a estimativa e os valores reais de gordura corporal de crianças. Estes pesquisadores estabele-ceram uma equação para crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 18 anos, utilizando as espessuras das dobras cutâneas subescapular e triciptal (colhidas em milímetros, afim de se obter valores mais precisos). Caso o somatório dessas dobras ultrapasse 35mm, deve-se utilizar uma equação diferenciada, mantendo a confiabilidade dos resultados encontrados.
"A importância das dobras cutâneas na avaliação da composição corporal reside na possibilidade de estimar a quantidade total de gordura e conhecer o seu padrão de distribuição em diferentes regiões do corpo. O excesso de gordura, bem como uma distribuição da mesma na região central do corpo pode representar riscos à saúde" (Monteiro, 1998).

Métodos
Amostragem
    A amostra do presente estudo foi composta por 61 crianças do gênero feminino, com faixa etária entre 07 e 10 anos tendo como base, o ano de nascimento - 1994, 1995, 1996 e 1997, teoricamente saudáveis, ou seja, que não apresentaram sintoma ou característica de doença de qualquer natureza, alunas de 1º e 2º ciclos do ensino fundamental, de uma escola da rede pública de ensino da cidade de caratinga//MG. A fim de se obter resultados mais precisos sobre o grupo, foram excluídas da pesquisa apenas aquelas crianças que se negaram à aferição das medidas, as alunas que não compareceram na escola no período de realização da coleta dos dados e aquelas cujos pais não assinaram a autorização.
    Após os procedimentos pertinentes à autorização para realização das medidas nas crianças (anexo I e II), todas elas foram submetidas às medidas antropométricas de circunferência e de espessura de dobras cutâneas, utilizando um mínimo de roupa possível, conforme se recomenda Fernandes Filho (2003), Farinatti & Monteiro (1992), Carnaval (1997) e Guedes (1994); sendo observado, também, o horário para a realização das coletas dos dados - antes do recreio.

Instrumentos
    Para as medidas de circunferência utilizou-se uma trena antropométrica metálica da marca Sanny (SN-4010).
    Para as medidas de espessura das dobras cutâneas foi utilizado o compasso da marca Sanny - precisão de 0,1mm.

Procedimentos
    Conforme é recomendado pelo Comitê de Antropometria Constitucional do Grupo de Alimento e Nutrição do Conselho Nacional de Pesquisa (USA) e pelo Comitê Internacional de Padronização dos Testes de Aptidão Física, as mensurações foram realizadas no lado direito do corpo (Rodrigues & Carnaval, 1985).
    O protocolo escolhido para determinação do percentual de gordura foi de Slaughter et alli (1988) apud Fernandes Filho (2003) por ser o mais recomendável para crianças (Guedes & Guedes, 1998). Nas mensurações de dobras cutâneas recomendadas por Marins e Giannichi (1996), consta que a dobra deve ser pinçada com os dedos indicador e polegar, visando apreender a maior quantidade possível de tecido adiposo, cuidando para não apreender o tecido muscular. O compasso deve ser colocado perpendicularmente à dobra, e cada ponto deve ser mensurado três vezes, registrando-se a sua média. A dobra subescapular foi medida a 02cm abaixo da borda inferior da escápula. A dobra tricipital foi colhida no ponto de maior volume da região meso-umeral.
    As medidas de circunferência foram coletadas seguindo-se as recomendações citadas por Fernandes Filho (2003), para se obter os seguintes perímetros: pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa proximal, panturrilha, braço normal, antebraço e punho.

Tratamento estatístico
    O tratamento estatístico foi realizado utilizando-se a correlação de Pearson, destinando-se a avaliar o grau de correlação entre o percentual de gordura obtido pelo protocolo de Slaughter et alli (1988) e as medidas das circunferências do pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa proximal, panturrilha, braço normal, antebraço e punho. O nível de significância (probabilidade) utilizado para testar a correlação entre as variáveis apresentadas foi de p < 0,01.
    Com o intuito de melhor interpretar os gráficos e tabelas apresentados no item Resultados e Discussão, consideremos as seguintes afirmações:
    Dizemos que duas variáveis, X e Y, estão positivamente correlacionadas quando elas caminham num mesmo sentido, ou seja, os elementos com valores pequenos de X tendem a ter valores pequenos de Y e elementos com valores grandes de X tendem a ter valores grandes de Y (Barbetta, 2001).
    Quanto mais próximo de +1 estiver o valor do coeficiente de correlação, maior será a correlação positiva entre as variáveis. O valor -1 indica correlação perfeita negativa e o valor +1, correlação perfeita positiva (Vieira, 1999).
    Uma maneira de visualizarmos se duas variáveis apresentam-se correlacionadas é através do diagrama de dispersão, no qual os valores das variáveis são representados por pontos, num sistema cartesiano. Esta representação é feita sob forma de pares ordenados (x, y), onde x é um valor observado de uma variável e y é o correspondente valor da outra variável (Barbetta, 2001).
    É interessante expressar a variação de uma variável em função da variação de outra variável. A variação de uma variável, em função de outra, pode ser descrita por uma reta. A expressão reta de regressão é usada para indicar a reta que dá a variação de uma variável qualquer em função de outra (Vieira, 1999).

Cuidados éticos
    Os pais/responsáveis pelas crianças foram informados sobre os procedimentos e métodos da pesquisa, bem como seu caráter anônimo. Foram obtidas autorizações da escola e dos pais/responsáveis pelas crianças.

Resultados e discussão
    Dentre os métodos duplamente indiretos, as medidas de espessura das dobras cutâneas são as mais utilizadas e recomendadas na predição do percentual de gordura corporal (Fernandes Filho, 2003); contudo, conforme a tabela 1 aponta, as medidas de circunferência apresentaram correlação positiva com o percentual de gordura corporal, indicando que as medidas de circunferência podem ser utilizadas como técnica alternativa na detecção de subnutrição, sobrepeso ou obesidade infantil, pela simplicidade de sua utilização e pelo baixo custo do seu instrumento de medida. O gráfico 1 apresenta o diagrama de dispersão, e a inclinação da reta indica o crescimento das duas variáveis e a forte correlação entre elas (r=0,78), corroborando com a afirmação de Fernandes Filho (2003), que aponta a correspondência entre as técnicas de medida de circunferência e de espessura das dobras cutâneas na estimativa do percentual de gordura corporal e, referenciando McArdle et alli (1991), que recomendam as medidas de circunferência no fracionamento da composição corporal e na mensuração dos níveis de distribuição de gordura corporal, podendo indicar riscos à saúde.
    Uma vez que a equação de Slaugther et alli (1988) para predição do percentual de gordura corporal de crianças utiliza o somatório das dobras subescapular e triciptal, correlacionou-se, também, a soma dessas dobras com as medidas de cada circunferência, encontrando-se um coeficiente de correlação (r) significativo, conforme apontado na tabela 2.
    Os gráficos 2 e 3 e as tabelas 3 e 4 apresentam, respectivamente, a correlação entre a dobra cutânea triciptal e o perímetro do braço (r=0,8) e entre a dobra cutânea subescapular e o perímetro do tórax (r=0,5). Procurou-se analisar essas variáveis isoladamente, uma vez que as dobras subescapular e triciptal são utilizadas no protocolo de Slaughter et alli (1988), para a predição do percentual de gordura corporal em crianças. Sendo claro que, embora ocorra correlação positiva em ambos gráficos, os dados expostos no Gráfico 2 apontam uma correlação mais forte do que os dados apontados no Gráfico 3.


Conclusões e recomendações
    Os dados apontados no presente estudo permitem concluir que, para a amostra estudada, as medidas de circunferência corporal apresentam correlação positiva com o percentual de gordura predito a partir do somatório de dobras cutâneas - protocolo de Slaughter (1988), especialmente as circunferências do braço (r=0,8), da coxa proximal (r=0,8), do abdome (r=0,7), da cintura (r= 0,7) e do quadril (r=0,7), que apresentaram uma correlação muito forte, indicando que podem ser utilizadas confiavelmente na mensuração do percentual de gordura corporal em crianças a fim de detectar sobrepeso ou obesidade, enfim, o estado nutricional, principalmente quando se trata do meio escolar, onde muitas vezes, torna-se inviável a aquisição de um compasso de dobras cutâneas para fracionar o peso corporal.
    A partir deste estudo, pode-se sugerir e recomendar novos estudos que objetivem correlacionar as medidas de circunferência com técnicas laboratoriais ou até mesmo que permitam validar uma equação que utilize os perímetros corporais para predição do percentual de gordura corporal em crianças, haja vista não haver nenhum protocolo publicado nas literaturas referentes ao assunto.

Referências bibliográficas
  • BARBANTI, Valdir J. Dicionário de Educação Física e do Esporte. São Paulo: Manole, 1994.
  • BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001, p. 269-272.
  • CARNAVAL, Paulo E. Medidas e Avaliação em Ciências do Esporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1997.
  • COSTA, R. F. CD-ROM. Avaliação da Composição Corporal. Santos: FGA Multimídia, 1989.
  • FARINATTI, Paulo de Tarso V. & MONTEIRO, Walace D. Fisiologia e Avaliação Funcional. Rio de Janeiro: Sprint, 1992.
  • FERNANDES FILHO, José. A Prática da Avaliação Física. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
  • GUEDES, Dartagnan P. & GUEDES, Joana E. R. P. Crescimento, Composição Corporal e Desempenho Motor de Crianças e Adolescentes. São Pailo: CLRBalieiro, 1997.
  • GUEDES, Dartagnan P. & GUEDES, Joana E. R. P. Controle do Peso Corporal - Composição Corporal, Atividade Física e Nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.
  • GUEDES, Dartagnan P. Composição Corporal - Princípios, Técnicas e Aplicações. 2. ed. Londrina: APEF, 1994.
  • KISS, Maria Augusta P. Dal'Molin. Avaliação em Educação Física, aspectos biológicos e educacionais. São Paulo: Manole, 1987.
  • MARINS, João Carlos & GIANNICHI, Ronaldo S. Avaliação e Prescrição de Atividade Física: Guia Prático. Rio de Janeiro: Shape, 1996.
  • McARDLE, Willian D., KATCH, Frank I. & KATCH, Victor L. Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
  • MONTEIRO, Walace. Personal Training: Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico. 1. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
  • RODRIGUES, Carlos Eduardo C. & CARNAVAL, Paulo E. Musculação: Teórica e Prática. Rio de Janeiro: Sprint, 1985.
  • SOUZA, Orivaldo F. de & PIRES-NETO, Cândido S. Monitoramento dos índices antropométricos relacionados aos riscos de saúde em crianças de 9 aos 10 anos de idade. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 3, n. 4, p. 5-13, 1998.
  • TORRES, Mônica & SILVA, Vernon Furtado da. Estudo comparativo de métodos para predição do percentual de gordura corporal: uma abordagem do método de Dotson & Davis (1991). FITNESS & PERFORMANCE JOURNAL. Rio de Janeiro, v. 2. n. 1, 2003.
  • VIEIRA, Sônia. Elementos de Estatística. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 99-107.

Nenhum comentário:

Postar um comentário