Drauzio Varella entrevista médica sobre obesidade infantil
Ver os netos gordinhos era a alegria das avós do passado. Criança rechonchuda era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia lógica nesse conceito. Numa época em que não existiam antibióticos, crianças mais nutridas resistiam melhor aos processos infecciosos.
Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde, numa epidemia que se vem alastrando e já atinge parte expressiva da população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em frente da televisão ou jogando videogame.
A preocupação não é com a estética. Muitas crianças com excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol, são descriminadas pelos companheiros e alvo de brincadeiras de mau gosto. O controle da obesidade infantil começa em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e mudança dos hábitos alimentares de toda a família. Veja abaixo a entrevista de Drauzio Varella com a Dra. Sandra Villares, médica e coordenadora do Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Drauzio – Por que alguns bebês que mamam no peito da mãe são gordinhos e outros são magrinhos? Existe tendência à obesidade que se manifesta desde o nascimento?
Sandra Villares – Existem muitas causas para a obesidade infantil, mas não podemos deixar de mencionar as características genéticas. Milhões e milhões de anos atrás, sobreviveram nossos ancestrais que tinham genes capazes de estocar calorias e transformá-las em energia. Os que não tinham, morreram cedo e provavelmente não deixaram descendentes.
Isso quer dizer que a grande maioria dos sobreviventes tem genes que favorecem o aparecimento da obesidade. Se o ambiente for favorável, ela irá manifestar-se.
Qual é o ambiente saudável para o bebê? É a mãe. Engordar muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de gordura, no primeiro ano de vida da criança.
Drauzio – Esse é um dado importante, porque muitas mulheres engordam demais durante a gravidez.
Sandra Villares – Na literatura, há trabalhos mostrando que para o desenvolvimento do tecido adiposo no primeiro ano de vida é importante não só o peso com que a mãe inicia a gravidez, mas o peso que ganha durante a gestação.
Drauzio – Que curioso é esse mecanismo. A mãe acumula gordura no próprio corpo e passa para a criança a tendência a juntar tecido adiposo.
Sandra Villares – A mãe deve passar algum neuro-hormônio, que não sabemos qual é, mas que faz com que o hipotálamo mande uma mensagem para a criança armazenar mais energia e ela estoca gordura.
Drauzio – Então além das características genéticas, de alguma forma, a obesidade materna durante a gestação influencia a obesidade infantil.
Sandra Villares – O contrário também é verdadeiro. A falta de alimentação adequada durante a gestação para um bebê intra-útero é fator para a obesidade no adulto. Prova disso são os indivíduos atualmente obesos que nasceram na Holanda, no período de falta de alimentação que marcou o pós Segunda Guerra Mundial.
Drauzio – É fácil de entender que a criança nasça subnutrida, porque não consegue os nutrientes necessários, quando a mãe passa fome durante a gravidez. Mas fica mais difícil de entender por que desenvolve obesidade depois como mecanismo compensatório.
Sandra Villares – Esse é um dado epidemiológico para o qual não se encontra explicação na literatura. Acredita-se que algum fator intra-útero, ainda não determinado, estimule alimentação mais farta durante a vida e aumente a facilidade de estocar energia.
Drauzio – Resumindo: são fatores para a tendência à obesidade infantil a genética, o excesso de peso que a mãe ganhou durante a gestação e a desnutrição materna durante a gravidez. Há outro?
Sandra Villares – Mãe diabética é também é fator de risco para a obesidade infantil e para o desenvolvimento de diabetes na fase adulta. A hipoglicemia da mãe estimula o pâncreas da criança a liberar mais insulina e a tornar-se mais sujeita a desenvolver diabetes.
Drauzio – Filhos de mães diabéticas, geralmente, nascem com peso exagerado?
Sandra Villares – Nascem. O aumento da circulação de insulina na criança provoca aumento da adipogênese, ou seja, maior formação de células adiposas.
Drauzio – Acima de que peso nasce a criança que faz suspeitar ser a mãe diabética?
Sandra Villares – Acima de quatro quilos. Sempre que levanta o histórico de uma criança obesa, o médico deve perguntar como foi a gestação da mãe e com quantos quilos e centímetros o bebê nasceu.
A criança nasce com mais ou menos 17% de gordura no corpo. No final do primeiro ano de vida, esse índice sobe para 35% e o peso da criança triplica. A gordura que estocou nesse período vai ajudá-la a viver no ano seguinte, quando começa a andar e a brincar e garante a energia necessária para os anos subseqüentes.
Drauzio – E elas precisam de muita energia…
Sandra Villares – As crianças não param quietas e consomem muita energia, mas por volta dos sete anos começam a fazer novamente tecido adiposo. Esse é um fato muito importante e a mãe precisa ficar atenta ao peso da criança nessa idade. Se o peso for normal, uma em dez crianças corre o risco de ficar obesa na fase adulta. Se for gordinha, esse risco sobe para quatro em cada dez crianças.
Drauzio – Bebês gordinhos também correm mais esse risco?
Sandra Villares – A princípio, não, mas depende muito do tipo físico dos pais. Se os pais forem magros, criança fortinha, porém não muito obesa nos três primeiros anos de vida, não corre risco maior de obesidade na fase adulta. Ao contrário, se os pais forem obesos, o risco aumenta. No entanto, com o passar dos anos, essa relação vai perdendo força e desaparece na adolescência, quando tem importância o excesso de peso do próprio adolescente como determinante da obesidade na fase adulta.
http://drauziovarella.com.br/
Fonte: Site do Drauzio Varella.
http://www.blogcryar.com.br/saude/drauzio-varella-entrevista-medica-sobre-obesidade-infantil/
Papinhas saudáveis de bebê fazem sucesso entre mães famosas
A nutricionista Regina Sarmento, que acompanha a atriz Camila Pitanga, explica que as papinhas ficam bem saborosas se forem usados temperos frescos, como alecrim, alho, orégano, entre outros. Cozinhar com pouca água também ajuda a manter o sabor dos alimentos. A nutricionista recomenda ainda o uso de alimentos integrais e orgânicos, pois além de estarem livres de agrotóxicos e pesticidas, podem conter até três vezes mais nutrientes que os produzidos em culturas comuns.
A atriz Vanessa Giácomo, que estreia em maio como apresentadora do programa virtual “Marmita Baby“, onde pretende ensinar receitas fáceis e saborosas, também é adepta das papinhas bem coloridas, com vários tipos de alimento. “Meu filho mais novo (Moisés, de 10 meses), adora quando eu coloco massinha e carne. Como ele já está começando a mastigar, procuro não bater muito no liquidificador, deixando a papinha com uma textura mais sólida”, explica a atriz, que também é mãe de Raul, de três anos. Frutinhas amassadas e raspadas também fazem sucesso na casa de Vanessa.
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