No momento, a polêmica é a capa da "Elle", que estampa a atriz Gabourey Sidibe, do filme "Preciosa". A moça está em uma pose fora da habitual da "Elle". Em geral, as moças aparecem de corpo inteiro. No caso de Gabourey Sidibe, só podemos ver seu rosto. O pior: a revista está sendo acusada de ter clareado o a pele da atriz! Assustados? É para ficar mesmo. Mas isso está longe de ser inesperado no mundo das celebridades e das revistas.
Esse é um mundo onde dar capa para uma pessoa negra, ainda é exceção. E onde ver uma mulher gorda com o mesmo destaque é praticamente um milagre. Pense de novo: quantas mulheres gordas você já viu na capa de revistas de moda? Nenhuma?
Ver mulheres negras em capa de revista é mais comum do que ver gordas. Mas também é algo que ainda vira noticia. Como aconteceu quando Beyoncé esteve na "Vogue". E a capa da primeira dama dos EUA Michelle Obama para a mesma "Vogue" causou comoção. Não só por ela ser primeira dama dos EUA, mas também por ela ser negra. Michelle já estampou várias capas de revista. Vale lembrar que ela é linda, elegante. E, claro, magra.
As moças que estampam as capas das revistas, principalmente as de moda, continuam sendo muito magras. E também muito jovens. E essa ditadura não parece que vai acabar assim, tão cedo. A atriz de "Preciosa", só por chegar até a "Elle", já pode ser considerada uma heroína. Claro, a gente pode torcer pelo dia em que ela sairá com o mesmo tratamento dado para as outras atrizes e fazer barulho para que isso aconteça. Mas tudo indica que esse tempo ainda vai demorar. O que é triste.
Aversão e fascínio: a nudez da mulher gorda
Por: Mariana MesquitaSe você é usuário do Orkut, faça a busca: existem mais de mil comunidades trazendo no nome a expressão ‘Preta Gil’. Excetuando as produzidas por fãs de sua música, a maioria delas faz menção às fotos do encarte do cd Prêt-a-Porter, lançado em 2003, nas quais a cantora aparece sem roupa. A polêmica até hoje não cessou: em sua nudez opulenta, Preta agradou e incomodou a várias pessoas. Prova disso são os títulos das citadas comunidades virtuais: “Eu não comeria a Preta Gil – alguém tem tesão no ursinho Pooh?”; “Preta Gil, a mais baranga”; “Preta Gil não é Pretty Girl”; e as favoráveis “Preta Gil não é feia” e “Eu comeria a Preta Gil”, todas ilustradas pelas mesmas imagens da moça pelada.
Depois de Preta, uma série de comerciais desafiou os cânones estéticos vigentes: a campanha do sabonete Dove em defesa da real beleza mostrou um grupo de gordinhas sorridentes, na praia, de biquíni. Apesar das críticas, e da busca incessante por apontar as estrias e celulites das moças, a expressão ‘gordinha do dove’ passou a designar mulheres acima do peso, mas satisfeitas consigo, de bem com a vida – bonitas, desejáveis, interessantes. Também no Orkut podem-se encontrar várias comunidades elogiando as modelos da campanha. A descrição de uma delas diz que “quem gosta de osso é cachorro”.
Para encerrar, amigo leitor: faça uma busca com a palavra ‘gorda’, no mesmo Orkut. Novamente vai achar bem mais de mil comunidades, a maior parte delas depreciando as mulheres acima do peso: “odeio gorda de piercing”; “odeio gorda de barriga de fora”; “odeio gorda de roupa justa”; “mulher gorda, pelada, não”; “gorda de minissaia é uma merda”; “odeio gorda metida a gostosa”; “meu amigo catou uma gorda”; “odeio gorda assanhada”, etc.
Chocou-se com a virulência? Não adianta denunciar à administração do site: ao contrário do preconceito religioso ou racial, ‘odiar gordos’ não vem sendo motivo para desabilitar as comunidades, apesar dos protestos. Diante de tanta agressão, frisar as dificuldades que as mulheres acima do peso enfrentam, na hora de formar uma auto-imagem positiva, é como chover no molhado: infelizmente, na sociedade em que vivemos, ser gorda (ainda mais do que ser gordo) é literalmente um fardo pesado para se carregar. Difícil ser bonita. Difícil ser aceita. Difícil comprar roupa. Difícil enfrentar os preconceitos.
Mas toda essa introdução foi para fazer alguns questionamentos que me inquietam bastante: o que será que choca tanto as pessoas, ao se depararem com a imagem de uma mulher gorda nua, de trajes íntimos ou roupas sedutoras? Por que a visão de uma gorda, na praia, de minissaia ou em situação de destaque, é motivo de tanta aversão e zombaria?
Os cânones estéticos oscilam ao longo da história, embora a ditadura da magreza venha imperando já há vários anos. Lá, no fundo de mim, eu imagino que o motivo de tanto ódio às vezes tenha a ver com uma espécie de atração represada, mal contida, por um volume maior de carne do que as carcaças mirradas das modelos profissionais.
Muitos escondem o fato, se sentem envergonhados de assumir relacionamentos públicos e estáveis com gordinhas, mas ficam com elas quando há chance. Deve ser esta a razão pela qual tantos homens procuram os sites pornôs, especialmente americanos, especializados em mulheres acima do peso – à parte a curiosidade e o gosto pelo ‘bizarro’, sinto que deve haver um pouco de necessidade de suprir o fascínio sufocado pela propaganda vigente, que prega que qualquer mulher com IMC acima de 20 é desprezível e feia.
http://www.gmaravilhosas.com/2008/11/averso-e-fascnio-nudez-da-mulher-gorda.html
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